A NATUREZA DA VERDADE

Existem três tipos de buscadores assim como existem três tipos de caminhos para estudar a natureza da verdade universal. O primeiro tipo é o buscador solitário, àquele que é um desbravador das ciências. Ele se utiliza de convicções e crenças para tentar entender o mundo ao seu redor, cataloga experimentos e aprender sobre a verdade de todas as coisas.

O segundo buscador é o buscador iniciado que é àquele que recebe uma certa quantia de informação e orientação de um mestre de uma determinada escola de conhecimento. Esse por sua vez caminha com passos um pouco mais seguros no aprendizado da ciências humanas, tanto das conhecidas quanto das ainda não compreendidas. O seu movimento se limita pelo tanto de informação que lhe é dada, e normalmente ele é orientado a não ir além do seu conhecimento e aguardar com calma e paciência que a informação que a ele foi confiada se transforme ao longo do tempo em sabedoria. O terceiro tipo de buscador é o mestre. Esse por sua vez tem a sua disposição toda a informação catalogada e transmitida por seus antecessores. O mestre tem o poder da escolha e da sabedoria e assim como o iniciado solitário pode ousar em suas tentativas. Com a diferença de que sabe um pouco mais sobre os riscos.
Ao escrever essa divagação sobre a natureza da verdade eu tenho a consciência de que eu faço sob a perspectiva de um buscador iniciado, e é possível um futuro em que eu perceba que minha análise estava incorreta. Pois Como diz aquele velho ditado “não vemos o mundo como ele é, vemos o mundo como nós somos”.

Nos contam uma história, que em1752, Benjamin Franklin teria realizado um experimento para entender melhor a natureza da eletricidade.
Franklin teve a ideia de voar uma pipa durante uma tempestade. Ele prendeu uma chave de metal na linha da pipa e soltou-a no ar. Sua hipótese era que a eletricidade dos raios seria atraída pela pipa e viajaria pela linha até a chave. Quando a tempestade começou, ele observou que as fibras da linha da pipa estavam se erguendo, indicando que a eletricidade estava passando por ela. Franklin aproximou a mão da chave e viu uma faísca, confirmando que a eletricidade estava sendo conduzida.
Este experimento ajudou a demonstrar que os raios são, de fato, uma forma de eletricidade e levou ao desenvolvimento do para-raios, uma invenção que ainda hoje é usada para proteger edifícios contra raios.
Apesar de ser uma história famosa, é provável que Franklin tenha tomado várias precauções para evitar ser eletrocutado, e a reconstituição exata do experimento ainda é discutida entre historiadores.

Outra história muito conhecida é  que em 1891 Nikola Tesla teria desenvolvido uma bobina, que era um tipo de transformador ressonante, que podia produzir alta tensão e alta frequência de corrente alternada. Tesla usava essa bobina para realizar uma série de demonstrações públicas espetaculares que não só mostravam os princípios da eletricidade, mas também tinham um impacto visual impressionante. Tesla conseguia acender lâmpadas fluorescentes à distância, sem a necessidade de fios, simplesmente segurando-as perto da bobina em funcionamento. Isso era impressionante na época e mostrava o potencial da transmissão sem fio de energia.

Deixando de lado a exatidão histórica e tomando como premissa que ambas são verdades, da maneira como nos contam, qualquer pessoa minimamente culta, pode perceber a relação entre os dois casos. Ambos os cientistas buscavam a verdade sobre a natureza da eletricidade.
No entanto, é interessante notar que apesar de a eletricidade ser o alvo do estudo em ambos os casos, o caminho tomado pelos dois experimentadores foi diferente. E o mais interessante é notar que é possível distinguir de maneira clara o tipo de buscador que cada um foi.
Benjamin Franklin foi o buscador solitário pois estava desbravando um caminho mesmo sem ter um preparo acadêmico sobre o mesmo. Benjamin Franklin nasceu em família modesta e nunca teve uma formação acadêmica, ao contrário de Nikola Tesla que apesar de não ter concluído sua formação superior foi um acadêmico e a história conta que foi um significativo acadêmico, que podemos então identificá-lo como buscador iniciado, Sendo que o seu campo de estudos era principalmente a eletricidade e o magnetismo.

Essas duas histórias eu uso para exemplificar e meditar sobre a verdade intrínseca do universo, aquilo que o físico teórico David Bohm chamou de ordem implícita. Para Bohm toda a matéria do universo seria a manifestação de uma realidade separada dela, todas as coisas que existem, existiram e existirão são a manifestações de uma mesma coisa.
Não consigo compreender e nem aceitar os estudos mágicos se eles não puderem ser baseados na ciência experimental, a magia tem que ser necessariamente o estudo teórico da mecânica do universo caso contrário é religião, dogma ou crença. E aonde há a crença não há a verdade porque a verdade ela não se apoia no acreditar e sim no saber.
O acreditar na magia pode até existir mas ele tem que ser como um apoio, como aquelas pequenas rodinhas que colocamos nas bicicletas das crianças até que aprendam a pedalar sem apoio. Assim é a crença ela até pode ser usada para que o iniciado entenda a verdade do saber, mas depois ela deve ser tirada da equação.
Estamos em 2024 e há algumas décadas entramos no Novo milênio. Um milênio de farta informação sobre as mais diferentes atividades universais e não obstante farto também de muita confusão, ignorância, despreparo e pessoas que se utilizam do baixo intelecto do povo para fins insignificantes.
Para mim o lado bom de toda essa informação é que pude analisar e compreender que a verdade se manifesta por vários caminhos, quando contei a história de Benjamin Franklin e Nikola Tesla não foi para dar ênfase ao resultado e sim para dar ênfase ao caminho de cada um, ao método que utilizaram para chegar no mesmo fim; o estudo e a compreensão da natureza da energia elétrica. E esse exemplo podemos usar em qualquer busca humana que procure entender a natureza do universo.
Quando percebemos isso, percebemos que religiões, dogmas, sistemas, escolas, livros, filmes e todo tipo de catálogo de informação nos leva para uma mesma verdade. Mas o que é essa verdade?
Essa verdade não pode ser mensurada, não pode ser objeto de estudo, não pode ser catalogada como uma coisa nem mesmo como um ser senciente ou consciente, não, essa verdade ela transcende nossas explicações e tão pouco pode ser verificada por nossos sentidos nem por nossas máquinas.
No entanto podemos sentir e dizer com convicção que existe uma verdade para todas as coisas, e o mais interessante é que cada caminho vai colocar uma roupagem para essa verdade, cada caminho cria uma espécie de linguagem de programação de alto nível para que nós humanos possamos comungar com essa verdade. Caso contrário Ela seria inacessível a nós.
Quando comecei a pensar sobre isso comecei a perceber que todas as linhas de pensamento humano que tenta entender essa verdade tem algo em comum. Não consigo exatamente descrever o que é esse algo em comum, o mais perto que consegui escrever é o que chamei de estado de percepção além dos sentidos e além de qualquer explicação.
O cristianismo irá chamar de contato com o espírito Santo, o budismo irá chamar de estado de iluminação, a física quântica irá chamar de superposição, a neurociência fala algo sobre neuroteologia, que é a observação e o estudo de efeitos religiosos e místicos no cérebro humano por meio da ressonância magnética funcional. Independente de qual seja a religião ou filosofia, todas deram uma roupagem para o caminho que leva até esse estado inexplicável.
Possivelmente a natureza da verdade nunca seja totalmente explicada ou compreendida por nós humanos, pelo menos não na condição em que estamos. Pode ser que no futuro venhamos a sofrer uma mudança drástica na maneira como percebemos a realidade e somente assim com uma nova compreensão poderemos acessar informações que agora nem mesmo entenderiamos. E a probabilidade de isso acontecer é muito grande por uma questão lógica, pois essa verdade quer ser conhecida e está nos preparando para tal.
Até lá, a humanidade precisa entender somente uma coisa; todos os caminhos levam à verdade, mas alguns são mais perigosos que outros.

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